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Igreja Católica é lenta para ajudar vítimas de abuso, diz comissão

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A Comissão de Proteção à Criança do Vaticano critica os líderes católicos graduados em relatório anual divulgado nesta quinta-feira (16) por não agirem com rapidez suficiente para ajudar as vítimas de abuso sexual por parte do clero e para implementar novos esforços de proteção em todo o mundo.

Durante décadas, a Igreja de 1,4 bilhão de membros foi abalada por escândalos em todo o mundo envolvendo abuso e acobertamento, prejudicando sua credibilidade e custando centenas de milhões de dólares em acordos.

O novo relatório faz críticas aos líderes da Igreja por não fornecerem informações às vítimas sobre como suas denúncias de abuso estão sendo tratadas, ou se os bispos negligentes foram punidos.

Também diz que os pedidos de informação da própria comissão sobre os protocolos de proteção nem sempre foram respondidos e que a Igreja não forneceu todos os detalhes.

“Em muitos casos, as vítimas relatam que a Igreja respondeu com acordos vazios, gestos performativos e uma recusa persistente de se envolver com as vítimas de boa fé”, afirma o relatório.

Comissão

A comissão do Vaticano, criada pelo papa Francisco em 2014, foi abalada pela renúncia de vários de seus membros ao longo dos anos e só publicou o primeiro relatório anual no ano passado.

O novo relatório, com 103 páginas, é o texto mais substancial da comissão até o momento e frequentemente critica a liderança da Igreja, sem citar nomes de pessoas.

Seu assunto principal é a questão das reparações para as vítimas de abuso, mas também avalia os esforços de proteção da Igreja em 22 países e em alto departamento do Vaticano.

O departamento pesquisado é o Dicastério para a Evangelização, uma operação ampla que é responsável por supervisionar as operações da Igreja na maioria das nações em desenvolvimento.

O relatório afirma que o dicastério tem apenas um funcionário encarregado de lidar com questões de proteção. Também diz que a falta de clareza na distribuição do trabalho, em casos de abuso, com outros departamentos do Vaticano “pode criar confusão e atrasos no início das investigações e no tratamento das queixas”.

Entre os países avaliados pelo novo relatório está a Itália, há muito tempo um reduto católico que tem demorado a lidar com o abuso por parte do clero.

O relatório critica os bispos do país por não trabalharem de perto com a comissão do Vaticano, dizendo que um questionário sobre práticas de proteção enviado pelo grupo a todas as 226 dioceses católicas da Itália só foi respondido por 81 delas.

A Coreia do Sul, outro país avaliado, teve 100% de participação.

A comissão antiabuso é a primeira do gênero na Igreja Católica. Francisco, que morreu em abril, fez do combate ao abuso por parte do clero uma prioridade de seu papado de 12 anos, com resultados mistos.

O papa Leão XIV, eleito em maio para substituir Francisco, reuniu-se várias vezes com os membros da comissão e nomeou um novo presidente para o grupo, um arcebispo francês, em julho.

Uma das principais reformas de Francisco foi a criação de um sistema global para os católicos denunciarem suspeitas de abuso ou acobertamento por parte dos bispos. Os sobreviventes e defensores das vítimas pediram mais ações, incluindo uma política global de tolerância zero para padres acusados de abuso.

O relatório desta quinta-feira critica o Vaticano pela falta de transparência sobre quando os bispos são removidos do cargo por questões relacionadas a abuso ou acobertamento.

O Vaticano raramente divulga as razões para a remoção de um bispo, mesmo em casos envolvendo abuso, preferindo dizer simplesmente que o papa aceitou a renúncia do bispo.

“A falta de responsabilidade dos líderes da Igreja foi uma questão frequentemente levantada pelas vítimas”, diz o relatório.

“A comissão enfatiza a importância de comunicar publicamente os motivos da renúncia e/ou remoção, quando a decisão estiver relacionada a casos de abuso ou negligência.”

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Fonte: Agência Brasil

Atividade econômica brasileira cresce 0,4% em agosto

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A atividade econômica brasileira apresentou crescimento no mês de agosto deste ano, de acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira (16) pelo Banco Central (BC). O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,4% em agosto em relação ao mês anterior, considerando os dados dessazonalizados (ajustados para o período).

Na comparação com agosto de 2024, houve variação positiva de 0,1%, sem ajuste para o período, já que a comparação é entre meses iguais. No acumulado do ano, o indicador ficou positivo em 2,6% e, em 12 meses, registrou alta de 3,2%.

O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica do país e ajuda o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 15% ao ano. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade de setores da economia – indústria, comércio e serviços e agropecuária –, além do volume de impostos.

A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas ajudam a redução da inflação, mas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

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Inflação

Depois de queda em agosto, em setembro a inflação oficial subiu 0,48%, com influência da alta da conta de luz. Em 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula 5,17%, acima do teto da meta, de 4,5%.

As incertezas do cenário econômico externo e esses indicadores, como o IBC-Br, que mostram a moderação no crescimento interno estão entre os fatores que levaram o Copom a manter os juros básicos em 15% ao ano, na última reunião, em setembro.

A intenção do colegiado é, de acordo com a ata divulgada, manter a taxa Selic atual “por período bastante prolongado” para garantir que a meta da inflação seja alcançada.

Produto Interno Bruto

Divulgado mensalmente, o IBC-Br emprega metodologia diferente da utilizada para medir o Produto Interno Bruto (PIB), que é o indicador oficial da economia brasileira divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Segundo o BC, o índice “contribui para a elaboração de estratégia da política monetária” do país, mas “não é exatamente uma prévia do PIB.”

O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país. Puxada pelas expansões dos serviços e da indústria, no segundo trimestre deste ano, a economia brasileira cresceu 0,4%.

Em 2024, o PIB fechou com alta de 3,4%. O resultado representa o quarto ano seguido de crescimento, sendo a maior expansão desde 2021, quando o PIB alcançou 4,8%.

Fonte: Agência Brasil

Tecnologia é ferramenta, não garantia de educação, diz Karnal

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O professor, historiador e influencer Leandro Karnal destacou nessa quarta-feira (15) os desafios da educação em um mundo hiperconectado. A palestra dele foi a mais disputada no primeiro dia da sétima edição do festival de inovação e tecnologia Rec’n’Play, em Recife (PE).

“Hoje eu posso acessar tudo que está em todas as bibliotecas do mundo, todas as obras de arte, todas as músicas de qualquer cidade. Mas o que está acontecendo é que, apesar disso, não temos mais gênios literários e artísticos do que há 50 anos?”, questionou. 

A pergunta é retórica e já vem com a resposta.

“[A tecnologia] é uma ferramenta, não é uma garantia. Não é uma catapulta. Eu preciso sentar e ler. Eu tenho acesso aos livros da Faculdade de Direito de Recife, mas continuo como um aluno do século XIX: tendo que sentar e ler”.

Como professor, lembrou que os educadores precisam desenvolver habilidades para  solucionar problemas inéditos. 

“Pela primeira vez na história, meus alunos sabem mais do que eu. Você, professor, já pediu ajuda a um adolescente para arrumar um aparelho celular”, disse Karnal. 

O historiador alertou sobre a necessidade de seguir produzindo conhecimento para não perder o domínio sobre as novas tecnologias: “Tem uma frase de um indiano que eu gosto muito, mora nos Estados Unidos: ‘o futuro não será dominado pela IA [Inteligência Artificial]. Será dominado pelos que dominam a IA’. Ou seja, eu serei dominado por pessoas que se adiantaram a este processo”. 

Evento

O Rec’n’Play começou nesta quarta-feira (15). O público chegou já nas primeiras horas da manhã para as atividades do festival, que acontece no centro da capital pernambucana, conhecido como Recife antigo.

A fila para entrar no auditório do Cais do Sertão começou cedo. “Às 7h30 da manhã já começou a formar fila para uma palestra às 10h da manhã. Então, às 9h já não tinha mais como colocar as pessoas para dentro”, conta Raul Cavalcante, do Núcleo de Gestão do Porto Digital, organizadora do evento. 

A advogada Raquel Mariche que chegou às 9h foi uma das últimas a conseguir uma vaga.  “Normalmente eu trabalho e nem sempre consigo vir [para o Rec’n’Play], mas esse ano me programei para poder assistir o Karnal.”

Programação

A palestra foi um dos mais de 700 eventos previstos na programação do Rec’n’Play. A  previsão dos organizadores é que as atividades, todas gratuitas, continuem sendo disputadas. 

“A gente está na expectativa que esse ano ultrapasse os 90 mil [inscritos] do ano passado”, calcula Raul Cavalcante.

O Rec’n’Play acontece na região do Porto Digital, no Recife Antigo, com atividades espalhadas em 83 espaços em 30 prédios, além de sete palcos e outros 37 estandes de rua, batizadas no evento como ativações. 

O festival é realizado pela Ampla Comunicação, Porto Digital e Sebrae Pernambuco. 

 

* A repórter viajou a convite do Porto Digital 

Fonte: Agência Brasil

Rio apresentará plano para recuperar territórios ocupados pelo crime

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O secretário da Polícia Militar do Rio, coronel Marcelo Menezes, informou que o estado do Rio vai apresentar, nos próximos dias, um plano de reocupação territorial, envolvendo outras esferas de poder , como o governo federal e os municípios. Eles terão atribuições objetivas na reocupação, requalificação dos espaços e no trato com as pessoas que moram nessas comunidades.

A apresentação do plano de reocupação territorial atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, a ADPF das Favelas, cujo objetivo é viabilizar a presença permanente do poder público por meio da instalação de políticas voltadas à juventude e da qualificação de serviços básicos para essas regiões. 

Menezes esteve, nessa quarta-feira (15), na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa para falar sobre os planos da secretaria para a população. “Houve uma reunião de trabalho com todos os secretários, atendendo à determinação do STF para que o estado apresente plano de reocupação territorial, disse o secretário.

O deputado Carlos Minc (PSB) defendeu que a retomada dos territórios em áreas conflagradas seja feita de forma efetiva, de modo a possibilitar que os serviços oferecidos pelo poder público possam chegar à população que vive nas comunidades.

“A polícia sozinha não resolve, mas ela tem que ter um projeto de reocupação de territórios. Ter um plano de reconquista para essas áreas é uma unanimidade entre os deputados”, afirmou.

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Reformados

O secretário informou ainda, na reunião, que a corporação conta com aproximadamente 5 mil agentes inativos que estariam aptos a serem reconduzidos à corporação para prestar serviços administrativos e policiamento de proximidade.

O objetivo é readmitir nos quadros das corporações, de forma temporária e por meio de processo seletivo, militares inativos, que se encontrem na reserva remunerada, e em caráter excepcional, os reformados. De acordo com o texto do Projeto de Lei 6.029/25, poderão ser contratados, pelo prazo máximo de nove anos, policiais militares da reserva para atividades administrativas ou em programas do governo para expandir ações de policiamento.

O coronel Menezes explicou que esse tópico diz respeito ao Programa Segurança Presente, à Lei Seca e à Operação Foco (antiga Barreira Fiscal), de modo a permitir que militares da ativa que participam atualmente desses programas possam retornar aos batalhões e, assim, suprir o déficit operacional da corporação. “A gente propõe a utilização desses policiais veteranos no regime de Tempo Certo para a utilização em programas do governo do estado que integram a segurança pública e não envolvam o enfrentamento a áreas conflagradas’.

O deputado Luiz Paulo (PSD) disse que apresentará emenda ao projeto para especificar que, além do trabalho administrativo, os agentes contratados por Prestação de Tarefas por Tempo Certo atuem apenas nos programas citados pelo secretário, ou seja, em atividades de policiamento de proximidade.

“Estou propondo uma emenda exatamente para que esses veteranos ‘operacionais’ sejam alocados somente nessas funções específicas”, esclareceu.

Exigências do STF

A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio entregou, nessa quarta-feira, a primeira etapa das medidas determinadas pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito da ADPF 635. Dos 18 itens previstos pela Corte, três tinham prazo de 180 dias e foram cumpridos. O documento foi encaminhado ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que o levará ao STF.

“Estamos cumprindo o compromisso com a sociedade e com a Justiça, avançando de forma concreta na implementação das medidas determinadas pelo STF. Nosso maior foco é garantir a preservação da vida e a segurança dos cidadãos, com transparência e eficiência em todas as ações”, disse, em nota, o governador Cláudio Castro.

Fonte: Agência Brasil

Correios negociam empréstimo de R$ 20 bilhões para equilibrar contas

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Os Correios apresentaram, nesta quarta-feira (15), as medidas que integram a primeira fase do plano de reestruturação financeira e operacional para garantir sustentabilidade e modernização da estatal.

Entre elas, a empresa negocia com bancos o empréstimo de R$ 20 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional, para custear as operações dos Correios e equilibrar financeiramente a instituição no biênio 2025-2026 e para gerar lucro a partir de 2027.

De janeiro a junho deste ano, os Correios registraram prejuízo de R$ 4,36 bilhões, enquanto no mesmo período de 2024, o déficit foi de R$ 1,3 bilhão.

Segundo o novo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, que está no cargo há 21 dias, um dos fatores que contribuíram para as contas negativas foi a crescente concorrência no comércio eletrônico.

“A nossa empresa não se adaptou de forma ágil a uma nova realidade e isso fez com que a gente sofresse em termos de resultados, de geração de caixa e da operação em si. Então, nos últimos anos, o que vem acontecendo na empresa é que a perda de competitividade vem fazendo com que a gente tenha perda de receitas”, admitiu Rondon.

De acordo com o presidente, o Postalis (fundo de pensão complementar dos funcionários dos Correios e um dos maiores do país) é um dos itens relevantes de despesas da empresa pública e é preciso negociar uma solução melhor do que a existente nos dias atuais.

Medidas anunciadas

Entre as medidas de reestruturação anunciadas, estão o corte de despesas operacionais e administrativas, a busca pela diversificação de receitas e a recuperação da liquidez da empresa. 

Para o cortes de despesas, a empresa lançará um novo Programa de Demissões Voluntárias (PDV), com mapeamento da força de trabalho no país inteiro e de áreas ociosas. 

“Esse programa de demissão voluntária está sendo tratado de forma bem cuidadosa para enxergar no país onde a gente tem ineficiências e ociosidades e não trabalhar de uma forma linear, perdendo capacidade operacional onde a gente já está justo, gerando todo o potencial de resultado que a gente pode alcançar”, diz Rondon. 

A estatal também planeja vender imóveis ociosos, o que poderá representar a entrada de recursos novos, acompanhada da redução de gastos com manutenção desses espaços.

Para que a empresa pública volte a reequilibrar as contas, o plano financeiro prevê também a redução de custos operacionais com a renegociação de contratos com os maiores fornecedores da empresa, em busca de condições mais vantajosas, sem colocar em risco a segurança jurídica das operações.

Os Correios, que têm como marca o serviço postal, planejam ampliar o portfólio de produtos e serviços para captar e gerar novas receitas. A empresa está fazendo um esforço de reaproximação com grandes clientes, ao mesmo tempo em que estuda experiências internacionais ligadas à rede logística, sobretudo na área de serviços financeiros, e também planeja o lançamento de produtos. 

“Normalmente, as empresas que geram lucro conseguiram se adaptar rápido e aumentaram o portfólio de ofertas de produtos, com destaque aos serviços financeiros e serviços de seguridade, que são os carros-chefes da maioria das empresas que geram resultados positivos”, avalia o presidente da estatal. 

Para recuperar a liquidez, a empresa espera que a captação de recursos de empréstimos ajude a financiar as demais medidas de reestruturação. 

“Estamos negociando a operação para ter reequilíbrio da empresa em 2025 e 2026, para ter tempo de adotar as medidas que começam a impactar em 2026, para em 2027 a gente conseguir iniciar um ciclo de balanço em azul. A ideia é que em 2027 a empresa já esteja reequilibrada e com lucro.”

Pacote anterior

Após fechar o ano de 2024 no vermelho, com o prejuízo total de R$ 2,6 bilhões, a empresa anunciou, em maio deste ano, um pacote de medidas que incluiu outro programa de demissão voluntária (PDV); redução de jornada de trabalho para 6 horas diárias em unidades administrativas; suspensão temporária das férias de 2025 e a decretação do fim do trabalho remoto. 

Como resultado, a última edição do PDV do Correios foi encerrada com o pedido voluntário de demissão de cerca de 3,5 mil empregados, o que gerou uma economia anual de aproximadamente R$ 750 milhões à estatal.

O presidente Emmanoel Rondon comparou as medidas do primeiro semestre às anunciadas agora. “Aquelas foram medidas emergenciais, não foram estruturais. O que a gente está buscando agora são medidas estruturais que permitam o equilíbrio da empresa nos próximos anos”. 

Questionado se a direção dos Correios cogita a privatização da estatal, o novo presidente respondeu que as medidas estudadas para o curto prazo são maiores do que as que foram feitas em um passado recente e estas poderão cumprir a função de reestruturação da empresa. Rondon adiantou que novas medidas estão em análise e poderão acompanhar as ações estruturantes anunciadas nesta quarta-feira.

“Neste momento, estamos buscando ter o equilíbrio financeiro da empresa, que as receitas dela sejam suficientes para pagar as despesas que temos todos os meses, para sair dessa discussão de viabilidade ou não da empresa. A empresa vai se colocar em pé e vai ser viável.”

O presidente Emmanoel Rondon afirmou que os Correios têm capacidade de geração de receita. “Se fizermos a normalização da situação de caixa dela e da operação, [os Correios] têm capacidade de gerar receita suficiente para pagar as despesas.”

Estrutura

Os Correios estão presentes em 100% dos municípios do Brasil. O país tem 5.568 municípios, além do Distrito Federal e do Distrito Estadual de Fernando de Noronha (PE), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A estrutura da estatal abrange mais de 10 mil agências de atendimento, 8 mil unidades operacionais (de distribuição e tratamento de encomendas e correspondências), 23 mil veículos e 80 mil empregados diretos.

Fonte: Agência Brasil

Jundiaí confirma uma morte causada pela intoxicação por metanol

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A prefeitura de Jundiaí, no interior paulista, confirmou nesta quarta-feira (15) a morte de uma pessoa no município causada pela intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. 

“O caso confirmado refere-se a um paciente que foi internado no dia 3 de outubro, após apresentar sintomas compatíveis com intoxicação, e teve a presença de metanol confirmada em exame”, disse a prefeitura, em nota.

Com a morte em Jundiaí, o estado de São Paulo contabiliza seis mortes decorrentes do consumo do metanol: três registradas na capital, uma em São Bernardo do Campo, uma em Osasco, e uma em Jundiaí.

Segundo dados do governo paulista, foram confirmados, até esta segunda-feira (13), 28 casos de intoxicação no estado. Ainda há outros 100 em investigação. O estado de Pernambuco registrou duas mortes por intoxicação de metanol.

De acordo com a Polícia Civil de São Paulo, 57 pessoas foram presas, desde o início do ano, em razão da venda de bebida alcoólica adulterada. Só nesta terça (14), seis pessoas foram detidas durante operação de combate à falsificação e adulteração de bebidas com metanol.

 


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arte-metanol – Arte/Agência Brasil

Fonte: Agência Brasil

Cartões do Aluguel Social e escrituras de imóveis serão entregues a moradores de Aparecida de Goiânia

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Cartões do Aluguel Social e escrituras de imóveis serão entregues a moradores de Aparecida de Goiânia
Agehab entrega escrituras e cartões do aluguel social em Aparecida de Goiânia (Fotos: Edgard Soares e Octacílio Queiroz)

A Agência Goiana de Habitação (Agehab), a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) e o programa Goiás Social realizam nesta quinta-feira (16/10), em Aparecida de Goiânia, a entrega de 400 cartões do programa Pra Ter Onde Morar – Aluguel Social. Na mesma ocasião será realizada assinatura do Termo de Cooperação de Regularização Fundiária e feita a entrega de 15 escrituras a famílias dos bairros Cruzeiro do Sul e Setor Planície.

A solenidade será às 11 horas, no CEU das Artes Orlando Alves Carneiro, na Cidade Vera Cruz.

A primeira-dama e coordenadora do Goiás Social, Gracinha Caiado, destaca que o programa representa dignidade e cidadania para as famílias mais vulneráveis.

“Estamos garantindo um lar seguro para quem mais precisa. O aluguel social é um alívio imediato, enquanto a escritura traz segurança definitiva para essas famílias, que passam a ter a casa em seu nome e a oportunidade de sonhar com um futuro melhor”.

O presidente da Agehab, Alexandre Baldy, reforça o compromisso do Governo de Goiás com a política habitacional inclusiva.

“É uma determinação do governador Ronaldo Caiado que a casa própria e o apoio à moradia cheguem a quem realmente precisa. Estamos entregando não só documentos, mas transformando vidas por meio do acesso à moradia digna”.

Para o secretário de Estado da Infraestrutura, Adib Elias, a entrega de escrituras e cartões do aluguel social reforça a amplitude do programa habitacional.

“Estamos atuando em várias frentes: construção, regularização e apoio direto às famílias. É um esforço conjunto com as prefeituras que tem feito Goiás se destacar no cenário nacional quando o assunto é habitação”.

Pra Ter Onde Morar – Aluguel Social

O programa Pra Ter Onde Morar – Aluguel Social concede mensalmente o valor de R$ 350 a famílias em situação de vulnerabilidade, com o objetivo de garantir moradia digna enquanto buscam estabilidade financeira.

O auxílio é pago diretamente em um app de celular próprio, após cadastro e aprovação nos critérios estabelecidos pela Agehab, com recursos 100% do Tesouro Estadual. Quase 80 mil famílias já foram contempladas em todo o Estado.

Já a regularização fundiária urbana, outra modalidade do programa, assegura a titularidade definitiva do imóvel aos moradores de áreas consolidadas, promovendo segurança jurídica e inclusão social.

O processo, que antes era oneroso e burocrático para o cidadão, agora é custeado integralmente pelo Governo de Goiás. Desde o início da atual gestão, mais de 18 mil escrituras foram entregues gratuitamente, fortalecendo o direito à moradia e à propriedade.

Saiba mais

Aluguel Social abre 3.420 novas vagas em 20 municípios goianos

Agência Goiana de Habitação (Agehab) – Governo de Goiás

Fonte: Portal Goiás

Atleta-estudante da UFPR compete nos JUBs por bicampeonato no karatê

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Emilly Amorim tem apenas 20 anos, mas já tem certeza de que o karatê vai fazer parte da vida dela pra sempre. Estudante do sexto período de educação física da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ela disputa os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), em Natal, e competirá na categoria até 50 quilos nesta quinta-feira (16). Pela terceira vez ela participa dos JUBs e seu objetivo principal, além da medalha dourada, é ganhar um boneco do mascote da competição, o Joca, que está sendo entregue aos vencedores nesta edição. Emilly já conquistou uma medalha de bronze e uma de ouro nos JUBs, mas ainda não tem um Joca.

“Estou bastante animada, esse ano está bem mais difícil. No ano passado foram três lutas, este ano vou ter que fazer cinco, mas a minha expectativa ainda é alta: quero levar um Joca pra casa”, planeja a estudante.

O karatê entrou na vida da Emilly quando ela tinha apenas 5 anos, depois de ver o filme de animação “Kung Fu Panda” e começar a imitar as personagens pela casa. Os pais matricularam ela num projeto social no interior do Paraná e a partir daí, a Emilly nunca mais foi a mesma. “O karatê foi a base de tudo, eu aprendi respeito, saber competir, que é muito importante pra uma criança, então o karatê me moldou, eu não sei o que é que seria de mim nem da minha personalidade sem o karatê”, revela.

Com o esporte, Emilly realizou alguns sonhos. Um deles, representar o Brasil internacionalmente.

“Eu entrei na seleção brasileira com 16 anos, inclusive foi minha primeira viagem internacional sozinha, e os meus pais ficaram com muito medo. A seleção brasileira foi a conquista mais importante que eu tive, tanto pra mim, quanto pra minha família”.


Emily Amorim, karatê, JUBs Natal 2025
Emily Amorim, karatê, JUBs Natal 2025

Emily Amorim, de 20 anos, já faturou bronze e ouro nos JUBs. Nesta quinta (15) ela vai em busca de mais um pódio na categoria dos 50 kg no karatê – Reprodução Instagram/Emily Amorim

Para o futuro, Emilly tem muitos planos, todos com o karatê no meio. “Eu quero me formar no ano que vem, já entrar num projeto de pós-graduação, e iniciar a licenciatura. Quero continuar lutando, que é o principal, com certeza. Vindo em Jubs, muitos e muitos anos” enumera. Isso tudo acompanhado de uma rotina incansável de treinos e estudos, além do trabalho. Tudo bem organizado. “Eu arrumo a minha rotina por semestres, porque na faculdade não é a gente que escolhe os nossos horários. Quando saem os horários, eu me organizo para treinar, trabalhar e estudar todos os dias, sem falta, mas pelo menos no domingo eu consigo ficar de boa”, explica.

O trabalho da Emilly também envolve o karatê. Ela atua em um projeto de iniciação esportiva de crianças neurodivergentes.

“Eu trabalho com cross training, cross kids e com karatê também. Eu tive uma experiência muito boa com uma criança neurodivergente com o karatê e eu me apaixonei. Então comecei a fazer cursos, entender melhor como lidar com crianças assim, como ajudá-las a se desenvolver melhor”, revela Emily, que também planeja continuar trabalhando nessa área.

De todas coisas que o karatê trouxe pra Emilly, a mais marcante foi a persistência.

“Eu pratico desde meus cinco anos e o meu sonho desde sempre era entrar na seleção brasileira e todos os anos eu ficava em segundo lugar. Você tem que ganhar de todo mundo da sua categoria para entrar na seleção, e eu ficava em segundo. Eu chorava, mas aprendi. O meu sensei me ensinou: se você continuar tentando, uma hora vai dar certo. “E isso eu levei pra tudo na minha vida. Persistência. Não parar só porque eu caí. Levanta, vamos continuar. Se cair de novo, levanta de novo”, concluiu.

* Verônica Dalcanal viajou a Natal à convite da Confederação Brasileira de Desportos Universitários (CBDU).

Fonte: Agência Brasil

Aposentadoria de Barroso é publicada no Diário Oficial

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A aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi publicada há pouco no Diário Oficial da União (DOU).

Com a publicação do documento, Barroso deixará o cargo no próximo sábado (18). Caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicar novo ministro para a Corte. Não há prazo para indicação.

Na semana passada, Barroso anunciou sua aposentadoria antecipada do Supremo. Ele tem 67 anos e poderia permanecer na Corte até 2033.

O anúncio ocorreu menos de um mês depois de Barroso deixar a presidência do STF e ser alvo de sanções do governo dos Estados Unidos.

O ministro tomou posse na Corte em 2013, quando foi nomeado pela ex-presidente Dilma Rousseff.

Fonte: Agência Brasil

Com música e IA, professores buscam chamar atenção dos alunos em sala

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O ritmo é de Halo, música da cantora norte-americana Beyoncé – acompanhada por uma batucada de funk improvisada com as mãos batendo nas mesas e cadeiras. Mas a letra ensina uma das fórmulas matemáticas mais marcantes que se aprende na escola: x é igual a menos b mais ou menos raiz de b ao quadrado menos quatro ac dividido por dois a. Uma sopa de letrinhas criada pelo matemático e astrônomo indiano Bhaskara para resolver equações de segundo grau.

Seria bem mais difícil sem Beyoncé e o professor de matemática Marcos Nunes, do Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado, na zona oeste do Rio de Janeiro, sabe disso.

“Eu vou dando a aula normal, aí coloco a música da Beyoncé para tocar, mas não falo nada. Depois, vou cantando a música junto com a fórmula. Eles se motivam, ficam rindo e aprendem. Assim, conseguem gravar algumas coisas. Eu procuro tornar a aula mais dinâmica possível”, diz.

Nunes não está sozinho nesse desafio de chamar a atenção dos estudantes e fazer com que se motivem com os conteúdos ensinados. No Brasil, os professores gastam, em média, 21% do tempo de aula para manter a ordem em sala. Ou seja, a cada cinco horas de aula, uma hora inteira é dedicada apenas a pedir a concentração dos alunos.


Rio de Janeiro (RJ), 15/10/2024 - Dia do professor. Marcos Nunes. Foto: Marcos Nunes/Arquivo Pessoal
Rio de Janeiro (RJ), 15/10/2024 - Dia do professor. Marcos Nunes. Foto: Marcos Nunes/Arquivo Pessoal

Além disso, quase metade dos professores brasileiros (44%) relata que é bastante interrompida pelos estudantes. Os dados foram divulgados na semana passada, na Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) 2024, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 

Neste Dia Nacional do Professor, 15 de outubro, a Agência Brasil conversou com professores sobre as dificuldades e as estratégias que encontram para tornar as aulas mais interessantes.

Depois de 20 anos de magistério, Nunes conta que já sabe identificar os estudantes que têm mais dificuldade. Eles são, por vezes, os que mais atrapalham a aula. “Eu tive muita dificuldade para aprender as coisas também. Então, sei o ponto que a matemática chega para o aluno que tem muita dificuldade. Para mim, o desafio hoje é o aluno que tem dificuldade e fazer com que ele aprenda”, diz. Isso implica, muitas vezes, revisar conteúdos de anos anteriores, o que o professor faz constantemente, para não deixar ninguém para trás.

“Fui aluno de escola pública. O que eu falo para eles diariamente é que não aceito isso de que o público tem que ser ruim. Eu falo para todos os meus alunos, eu vou para lá de manhã para fazer diferença na vida deles e explico o quanto as aulas são importantes”, diz. As estratégias têm gerado resultados. Os estudantes melhoraram o desempenho e, com isso, vão percebendo que podem acertar e dominar o conteúdo, também se engajam mais na aula. “Quando aquele aluno passa a entender e a conseguir resolver as questões, ele se motiva mais”, defende o professor.

IA na sala de aula

A tecnologia é objeto de estudo nas aulas da professora de inteligência artificial (IA) no Centro Educacional de Tempo Integral (Ceti) Paulo Freire, em Guaribas (PI), Amanda de Sousa. Desde o ano passado, ela faz parte do programa Piauí Inteligência Artificial, do governo do estado que, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), leva a disciplina de IA às escolas da rede.


Rio de Janeiro (RJ), 15/10/2024 - Dia do professor. Amanda Sousa. Foto: Ascom Seduc Piauí/Divulgação
Rio de Janeiro (RJ), 15/10/2024 - Dia do professor. Amanda Sousa. Foto: Ascom Seduc Piauí/Divulgação

Guaribas (PI) já foi considerada uma das cidades mais pobres do Brasil e a primeira a receber o Programa Fome Zero em 2003. O cenário foi mudando, de 2002 a 2013, a desnutrição caiu 82%. Sousa faz questão de explicar o contexto da cidade e a importância que o município dá para políticas públicas.

Por isso, quando teve a oportunidade de participar da formação para dar aulas de IA, a professora formada em biologia não pensou duas vezes. Além de ver uma possibilidade de melhorar a renda aumentando a jornada na escola, ela tinha muita curiosidade sobre o assunto, que conhecia pouco. No começo estava insegura, mas foi aprendendo cada vez mais e fez até pós-graduação no assunto. Descobriu que por mais que sejam nativos digitais, os próprios estudantes não dominam plenamente as ferramentas de IA e que a escola pode ajudá-los a ter mais autonomia. 

“Eu percebia que eles, às vezes, não prestavam tanta atenção nas aulas, mas, mais ou menos um mês depois, eles começaram a despertar interesse e vejo um avanço hoje em relação, por exemplo, à maturidade deles de utilizar a IA de forma coerente para ajudar nas pesquisas, nos trabalhos. A gente sempre foca também no uso ético da IA na sala de aula”, afirma.

Em uma escola com apenas 25 computadores para 200 alunos, Amanda criou estratégias para ensinar o modo de funcionamento da IA para os estudantes e passou a conseguir dar aulas também offline.  

“Tem uma aula que desenvolvi com alguns alunos que é a construção de árvores de decisão – um exemplo de algoritmo, utilizando imagens de animais típicos da caatinga, que é o bioma predominante aqui na nossa região. Quando eles começam a identificar ali os padrões, as características dos animais, eles vão classificando: o animal que tem pelo, o animal que é terrestre e vão construindo essa árvore de decisão. Quando eles veem o resultado, aí eu mostro: vocês construíram um algoritmo. Isso é inteligência artificial desplugada”, explica.

Um algoritmo é conjunto de instruções finitas e bem definidas para realizar uma tarefa ou resolver um problema. Os algoritmos são a base de funcionamento da IA. Entender a base e como operá-la é uma forma de aprender a usar melhor a ferramenta.

“Vejo que hoje eles estão bem mais engajados e maduros em relação a usar de forma consciente e utilizar para estudo mesmo, a fim de potencializar o que eles têm de dificuldade para melhorar e inclusive ajudar os colegas que ainda não têm tanta habilidade”.

O programa do estado foi um dos vencedores do Prêmio Rei Hamad Bin Isa Al-Khalifa, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em parceria com o governo do Bahrein.  

Mais atenção e respeito

Nas escolas indígenas Paiter Surui, em Cacoal (RO), o desafio é manter o interesse dos estudantes do ensino médio, de acordo com a coordenadora das escolas, Elisângela Dell-Armelina Surui. “Os alunos do 1º ao 6º ano do ensino fundamental adoram aula. Não precisa nem pedir para vir. Eles já chegam primeiro que o professor na escola. Mas ali, na fase da adolescência, já começa a ter que incentivar mais as aulas”, diz.

Surui conta que muitos jovens querem continuar os estudos em escolas rurais fora das aldeias. O que é uma preocupação para os pais e uma preocupação também da comunidade com a manutenção da língua indígena e a cultura.

“Quando ele está na escola, os conteúdos, mesmo sendo de língua portuguesa ou de outras disciplinas que não são a língua materna, são transmitidos na língua materna. Especificamente do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. Os conceitos e conteúdos ficam melhores para eles entenderem. Quando eles saem, perdem muito”, afirma a coordenadora.

A tecnologia é ali, muitas vezes, motivo de distração. Quando há o uso excessivo de celulares nas salas de aulas, a escola aciona as famílias que, nas comunidades indígenas, tendem a participar bastante da vida escolar dos filhos. Por lei nacional, o uso dos aparelhos apenas é permitido na escola quando autorizado pelos professores para fazer tarefas educativas.

É, no entanto, da tecnologia que vem também o estímulo para seguir os estudos.

“Alguns professores conseguem fazer aulas com bastante tecnologia”, diz Surui. “Tem professores que passam vídeos, que gravam vídeos com os alunos explicando as aulas”. As escolas usam também ferramentas de IA para algumas tarefas, embora, a coordenadora reconheça que falta capacitação aos professores. 

Aprender no cotidiano

Outra estratégia usada para manter o interesse dos estudantes é aproximar a escola do cotidiano e estimular tarefas mais parecidas com aquelas já desempenhadas nas aldeias, como explica a educadora indigenista Maria do Carmo Barcellos, que há mais de 50 anos trabalha com povos indígenas, entre eles os Paiter Surui.

Maria do Carmo trabalhou com a elaboração de materiais para serem usados em aldeias que tratam de governança territorial e educação climática, além de promover a formação dos professores. Os materiais e jogos foram produzidos junto com os educadores das escolas indígenas.

“A gente trabalhou muito essa questão da importância das aulas mais práticas. É comum você chegar numa escola indígena e ver a criança copiando coisa que o professor está passando no quadro ou então copiando de um livro. A maioria dos materiais das escolas indígenas é completamente inadequada”, comenta.

Os materiais foram produzidos pensando nas próprias histórias locais e no modo de vida. Estimulam, por exemplo, o aprendizado ao fazer a comida, ao verificar na produção da roça os impactos das mudanças climáticas, entre outros.

“Tradicionalmente, a transmissão de conhecimentos era pela oralidade ou pelo fazer. As crianças muito pequenas, tanto os meninos quanto as meninas, já estão acostumadas a estarem numa escola, digamos assim. Porque, por exemplo, se a mãe vai fazer a cerâmica, vai no mato buscar o barro e tal, a criança acompanha todo o processo e faz, não só vê, como também fica ali tentando fazer”, diz.

Disciplinar é educar?

Para a educadora e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luana Tolentino, os dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) chamam atenção, mas é preciso ter cuidado ao focar apenas na disciplina dos estudantes.

“Uma coisa que sempre questionei é essa exigência da escola pela disciplina, como se fosse a coisa mais importante. Não que a sala tenha que ser o caos. Mas pensar a disciplina como pilar, como aquilo que faz uma sala de aula ser boa, que faz o professor ser bom, eu entendo que também dificulta pensar em uma escola, em uma aula que atenda de fato os anseios, os desejos dos estudantes”, diz.

Luana conta que, em muitas as escolas onde lecionou, a disciplina dos estudantes era prioridade e que isso não funcionava de forma efetiva para melhorar o aprendizado dos alunos. “Eu acho que isso dificulta também pensar em práticas pedagógicas que envolvam de fato os estudantes, porque se se mantém o foco só na disciplina, automaticamente eu entendo que os estudantes vão, enquanto jovens mesmo, focar em maneiras de indisciplinar”, defende.


Rio de Janeiro (RJ), 15/10/2024 - Dia do professor. Luana Tolentino. Foto: Fernando Rabelo/Divulgação
Rio de Janeiro (RJ), 15/10/2024 - Dia do professor. Luana Tolentino. Foto: Fernando Rabelo/Divulgação

Segundo a pesquisadora, a escola precisa estar atenta à vida, ao território, às vivências dos estudantes e ao que se passa no mundo.

“Eu defendo práticas pedagógicas em constante diálogo com as vivências, com os saberes dos estudantes. Acredito que os estudantes têm sede, têm o desejo de falar, de contar aquilo que também sabem. O conhecimento não nasce só nos livros, só na sala de aula, só na escola”, diz.

Ela ressalta que a profissão docente tem muitos desafios. Os dados da OCDE reforçam as dificuldades. No Brasil, apenas 14% dos professores acreditam que a própria profissão é valorizada na sociedade. Um a cada cinco, 21%, afirma que o trabalho é muito estressante, índice que aumentou 7 pontos percentuais em relação à última edição do estudo, de 2018.

Quanto aos impactos na saúde mental e física, o Brasil supera a média dos demais países pesquisados. Entre os professores brasileiros, 16% dizem que a docência impacta negativamente na saúde mental, enquanto entre os países da OCDE, a média é 10%. Já a saúde física é muito impactada pela profissão de acordo com 12% dos professores brasileiros, enquanto a média da OCDE é 8%.

“E eu não estou falando que tem sido fácil ser professor neste país, de jeito nenhum. Tem a questão do adoecimento, da desvalorização. Mas entendo que o diálogo, essa troca, na qual todo mundo fala, todo mundo ensina, acho que pode ser um caminho. A minha experiência mostrou que foi um caminho assim que deu certo”, diz Tolentino.

Dia do Professor: conheça a história

No dia 15 de outubro é comemorado o Dia Nacional do Professor, data instituída pelo imperador D. Pedro I que, em 15 de outubro de 1827, por lei, criou o Ensino Elementar no Brasil, levando escolas de primeiras letras a todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império. 

O Brasil ainda era escravagista – o fim da escravidão seria conquistado apenas em 1888 – e a educação chegava apenas a uma parcela da população.  A estimativa é que em torno de 12% das crianças brasileiras em idade escolar estudavam. A primeira homenagem aos docentes realizada na data ocorreu em 1947, em São Paulo. Em 1963, por meio de decreto, a data é oficializada no país.

Fonte: Agência Brasil