Por Redação — 26 de setembro de 2025
Entidades e porta-vozes ligados à causa palestina têm divulgado balanços de mortes em Gaza que, segundo críticos, não refletem com precisão a realidade do conflito. Think tanks independentes e analistas de dados apontam falhas metodológicas e influência política na contagem local, administrada por autoridades de saúde sob controle do Hamas — enquanto governos e organizações progressistas ao redor do mundo intensificam a pressão para isolar Israel, cenário do qual o Brasil faz parte ao evitar classificar formalmente o Hamas como organização terrorista.
A guerra dos números
Desde outubro de 2023, o Ministério da Saúde de Gaza publica totais diários de mortos. Em 29 de julho de 2025, a cifra oficial superava 60 mil; atualizações posteriores falaram em mais de 64 mil vítimas. O método, porém, é controverso: críticos alegam falhas de verificação, inclusão de mortes não relacionadas ao combate e ausência de distinção transparente entre civis e combatentes. Relatórios do Washington Institute e do Henry Jackson Society sustentam que esses dados “se tornaram completamente pouco confiáveis” e podem estar superestimados. Já veículos e analistas que auditam os registros dizem que, apesar de limitações, a série histórica é utilizada por agências internacionais e, em alguns recortes, tende até a subestimar o total real.
Nota: a discussão sobre confiabilidade é real e relevante; há também publicações que defendem a consistência básica dos dados oficiais, usadas por organismos humanitários.
Ativismo e o “cerco” a Israel
Em paralelo à disputa numérica, um bloco de países e movimentos ativistas trabalha para sancionar e isolar Israel. Na semana da Assembleia-Geral da ONU, a chamada Hague Group, co-presidida por África do Sul e Colômbia, conclamou a “negar a Israel as ferramentas do genocídio”, defendendo restrições a armas, bens de uso dual e até boicotes culturais — discurso que ecoa o movimento progressista global.
No plano doméstico israelense e em várias capitais, protestos massivos ampliaram a pressão política pelo fim da guerra, ilustrando a força do ativismo anti-guerra em escala mundial.
O caso brasileiro: diplomacia e sinalização política
Na tarde desta sexta (26.set), a delegação do Brasil deixou o plenário antes do discurso de Benjamin Netanyahu em Nova York. Segundo fonte diplomática, a saída foi planejada — gesto interpretado como mensagem política alinhada à posição brasileira no conflito.
Desde 2023, o Itamaraty afirma que o Brasil não classifica o Hamas como organização terrorista por seguir listas do Conselho de Segurança da ONU, que não incluem o grupo. A orientação coexistiu com episódios em que órgãos do próprio governo trataram o Hamas como terrorista em documentos técnicos, gerando atritos internos.
Hamas, alvos militares e o uso de escudos humanos
Israel sustenta que bombardeia infraestrutura militar e que o Hamas opera a partir de áreas civis — inclusive hospitais e escolas —, configurando uso de escudos humanos, o que é crime de guerra. Há evidências históricas do emprego de instalações civis para fins militares, como descobertas de rockets em escolas da UNRWA (2014) e reiteradas denúncias recentes sobre túneis e arsenais em áreas hospitalares; por outro lado, parte da imprensa investigativa e de ONG’s questionou o alcance e a solidez de algumas provas apresentadas por Israel em episódios específicos.
Relatórios e comunicados da ONU tratam de ataques e operações em complexos hospitalares e do uso indevido de infraestrutura civil, destacando violações múltiplas no teatro de operações — e o colapso do sistema de saúde.
ONU, mediação e o objetivo do Hamas
A ONU tem enfrentado limites práticos para impor cessar-fogo duradouro ou gerenciar o conflito. Parte desse impasse decorre da lógica de guerra do Hamas, cuja Carta de 1988 defende a destruição do Estado de Israel; ainda que o documento político de 2017 tenha suavizado linguagem e aceitado um Estado palestino nas fronteiras de 1967 como “fórmula de consenso”, não reconhece Israel e reafirma a “libertação completa da Palestina”. Ou seja, os incentivos organizacionais seguem incompatíveis com uma solução de coexistência reconhecida.
Conclusão
Nada — absolutamente nada — justifica uma guerra. Mas, como diz o velho adágio militar, em tempos de guerra, é preferível ir ao enterro do inimigo do que ao do irmão. No terreno, Israel afirma mirar alvos militares; o problema é que, segundo inúmeras denúncias e investigações, o Hamas se instala em hospitais e escolas, arrastando civis para o epicentro do fogo — uma prática condenada pelo direito internacional e documentada ao longo de diferentes fases do conflito (ainda que, caso a caso, a robustez das provas varie e seja disputada).
Principais fontes citadas
- Contagem de vítimas e debate metodológico: Reuters, Washington Institute, Henry Jackson Society e análises pró-confiabilidade (Le Monde).
- Ativismo global/pressão a Israel: The Guardian (Hague Group), protestos internacionais e em Israel.
- Gesto diplomático brasileiro em NY: CNN Brasil (saída antes do discurso de Netanyahu).
- Status do Hamas no Brasil/ONU: Agência Brasil, CNN Brasil, Poder360; nota sobre documento interno divergente (CNN Brasil, 2024).
- Hospitais e escolas: UNRWA (achados de rockets em escolas), HRW (alegações e avaliação jurídica), Washington Post (checagem de evidências no al-Shifa), além de relatórios da ONU/ACNUDH sobre ataques/uso indevido.
- Objetivos declarados do Hamas: Carta de 1988 (Yale/Avalon), leitura analítica (Wilson Center) e documento político de 2017.
Nota editorial: onde há controvérsia factual (números de mortos; evidências em hospitais), destacamos ambas as correntes — críveis e verificáveis — e indicamos as fontes primárias para que o leitor possa conferir os documentos e investigações na íntegra.