Um Novo Olhar sobre as Medidas Pandêmicas e os Efeitos no Brasil
Durante o auge da pandemia de Covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se posicionou como a principal autoridade mundial em relação às medidas de contenção do vírus, com diretrizes que influenciaram os governos de diversos países. As recomendações de uso de máscaras, lockdowns e vacinação obrigatória foram vistas como estratégias necessárias para combater a propagação do novo coronavírus. Contudo, a postura da OMS passou a ser profundamente questionada após uma mudança drástica, especialmente após a decisão do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de cortar os recursos financeiros da organização e anunciar a retirada dos EUA da OMS em 2020. Essa mudança trouxe à tona novas reflexões sobre as políticas de saúde pública e seus efeitos nas sociedades, principalmente no Brasil.
A Retirada de Trump e a Reavaliação da OMS
Em maio de 2020, Donald Trump acusou a OMS de ser complacente com a China e de ter falhado em sua resposta inicial à pandemia. Como reação, o presidente dos EUA decidiu retirar os Estados Unidos da OMS, cortando bilhões de dólares de financiamento. Esse movimento não apenas enfraqueceu a organização, mas também provocou uma onda de críticas globais à maneira como a OMS vinha lidando com a crise sanitária. Em um momento crítico, quando a OMS deveria ter consolidado sua liderança, a decisão de Trump gerou um ponto de inflexão no discurso da organização, que passou a adotar uma postura mais cautelosa e menos categórica em relação a algumas de suas medidas.
Após a posse em sua nova eleição e a retirada de Trump, a OMS foi pressionada a reavaliar suas políticas, e Tedros Adhanom, o Diretor-Geral da organização, declarou que a OMS nunca havia imposto lockdowns, uso de máscaras ou vacinas obrigatórias. Em outras palavras, Tedros afirmou que o papel da organização era orientar os países com base nas evidências científicas disponíveis, sem ser responsável por adotar políticas impositivas. Esse novo discurso refletiu uma tentativa da OMS de distanciar-se de decisões controversas, especialmente após as críticas e as mudanças de postura internacionais.
O Impacto da Mudança no Brasil
No Brasil, essa mudança na postura da OMS foi imediatamente refletida nas decisões tomadas pelo governo federal, estados e municípios. Durante a pandemia, o governo paulista, sob o comando do governador João Doria, adotou uma série de restrições severas baseadas nas orientações da OMS. A estratégia de lockdowns rígidos, fechamento de comércios e restrições de circulação foram algumas das principais medidas implementadas, com apoio das autoridades locais, que argumentavam que essas ações eram essenciais para conter a disseminação do vírus.
No entanto, essas decisões geraram conflitos com outros governantes, como o então presidente Jair Bolsonaro, que defendia alternativas menos restritivas, como a liberdade de escolha das pessoas para lidar com a pandemia. Com o tempo, a implementação de medidas como o uso obrigatório de máscaras e a vacinação compulsória tornaram-se ainda mais polêmicas, com questionamentos sobre a eficácia dessas ações, especialmente em um momento em que a OMS já começava a rever algumas de suas orientações.
O governo de São Paulo, em um esforço para combater a “desinformação” durante a pandemia, publicou materiais que afirmavam que os discursos negacionistas estariam contribuindo para o aumento da hesitação vacinal e a baixa adesão às medidas de quarentena. Em um manual sobre desinformação, o governo paulista mencionava que discursos fraudulentos relacionados à pandemia, muitos deles em desacordo com as recomendações da OMS, poderiam comprometer a saúde pública. O material do governo de São Paulo se baseava amplamente nas orientações da OMS, considerando-as a base de verdade incontestável.
A Participação das Agências de Verificação de Fatos
Essas orientações da OMS também serviram como pilar para as agências de verificação de fatos no Brasil. Organizações como Comprova, que foram destacadas em matérias do Guia do Estudante em 2020, estavam entre as que reafirmavam que os questionamentos sobre as medidas da OMS eram infundados. A pressão para seguir o que era considerado a “ciência oficial” levou a um contexto em que qualquer desvio das orientações da OMS era tratado como “desinformação”. As redes sociais se tornaram um campo de batalha, onde as postagens que questionavam as recomendações da OMS eram frequentemente removidas, enquanto afirmações de cientistas de renome, como o virologista francês Luc Montagnier, foram descreditadas. Montagnier, por exemplo, afirmou que a vacinação em massa poderia ser responsável pela criação de novas variantes do coronavírus, o que foi amplamente negado pelas autoridades e agências de checagem de fatos, que classificaram suas declarações como “desinformação”.
A censura nas redes sociais e a pressão sobre quem ousava questionar a OMS geraram um ambiente de intolerância ao debate científico, prejudicando a liberdade de expressão e limitando a pluralidade de opiniões sobre as medidas de combate à pandemia.
A Imposição de Medidas: O Legado de Censura e Desconfiança
A decisão de Trump de cortar os recursos da OMS e a posterior mudança de postura de Thedros não devem ser vistas como simples correções ou ajustes de retórica. O impacto disso foi significativo em vários países, incluindo o Brasil, onde as imposições de lockdown, uso de máscaras, e a vacinação obrigatória afetaram diretamente a vida das pessoas, com graves consequências econômicas e sociais.
Vários estados inclusive o governo de São Paulo, que teve uma postura mais rígida em relação às medidas de contenção, também se alinhou com a OMS, refletindo um processo de centralização da autoridade nas recomendações da organização internacional. Na prática, isso significou que o direito de ir e vir de cidadãos brasileiros foi drasticamente limitado, com a imposição de multas e até prisões de pessoas que desobedeciam às normas. Comércios foram fechados, milhares de brasileiros enfrentaram dificuldades financeiras e psicológicas, e muitos questionaram se as medidas eram realmente eficazes para o controle do vírus, dado o desconhecimento inicial sobre o impacto das variantes e a eficácia da vacinação.
Essas ações, que se basearam nas orientações da OMS, foram usadas como justificativa legal para algumas das restrições mais severas, com base na alegação de que seguir as diretrizes da organização era o único caminho viável para salvar vidas. O Supremo Tribunal Federal (STF) também se alinhou a essa narrativa, adotando várias decisões que foram sustentadas pela ideia de que as orientações da OMS eram a verdade científica absoluta.
O Que Está em Jogo Agora?
Com a mudança de postura da OMS, surge uma série de questões. A primeira delas é sobre a responsabilidade das autoridades que tomaram decisões com base nas orientações da OMS, que posteriormente foram reformuladas ou questionadas. Como ficam as pessoas que tiveram suas liberdades individuais violadas? Como ficam aqueles que foram presos ou que tiveram suas empresas destruídas por decisões que se basearam em informações que, no final das contas, não foram tão infalíveis assim?
Há uma necessidade urgente de reflexão sobre as políticas públicas adotadas durante a pandemia e a responsabilidade das instituições que orientaram ou impuseram essas medidas. Com o tempo, muitos começam a perceber que as restrições impostas não foram tão necessárias como haviam sido apresentadas, e as agências de verificação de fatos que atuaram como guardas da verdade têm agora que lidar com as consequências de terem seguido cegamente as orientações de uma organização internacional que, como demonstrado, não tinha todas as respostas.
A Necessidade de Reparação
É crucial que a sociedade, o governo federal, e as instituições envolvidas revelem o que aconteceu de fato. As vítimas das políticas restritivas merecem uma reparação pelos danos que sofreram, especialmente no Brasil, onde decisões baseadas nas orientações da OMS causaram danos irreparáveis a indivíduos e empresas.
No fim, a pandemia trouxe à tona a necessidade de proteger a liberdade individual, permitindo que as pessoas tomem decisões informadas sobre suas próprias vidas. A liberdade de expressão, a pluralidade de opiniões e o debate científico devem ser respeitados, pois são fundamentais para que a sociedade possa aprender com seus erros e buscar alternativas mais eficazes e menos prejudiciais para o futuro.