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Efeito Ozempic: Como os novos remédios para emagrecer estão revolucionando o consumo e podem gerar impacto na indústria de alimentos

Publicado em

Artigo publicado dia 13/02/2025 no jornal O Poder

Nos últimos anos, o combate à obesidade e ao sobrepeso passou por uma verdadeira revolução farmacológica. Medicamentos inovadores, como semaglutida (Ozempic®?, Wegovy®?) e tirzepatida (Mounjaro®?), vêm transformando não apenas a forma como os pacientes perdem peso, mas também como o mercado de alimentos processados e ultracalóricos está sofrendo impactos diretos com essa mudança de comportamento.

As drogas

Essas drogas pertencem a uma nova classe terapêutica que age diretamente no sistema regulador da fome e do metabolismo, promovendo redução do apetite, maior saciedade e menor ingestão calórica. O efeito colateral? O consumo de produtos como snacks, doces, refrigerantes e fast-foods está despencando, preocupando grandes corporações do setor alimentício.

Impacto

Mas o impacto econômico é real? A resposta vem de um estudo publicado pela Bloomberg, que revelou dados inéditos sobre como a chegada desses medicamentos está afetando o mercado global.

O Que São Ozempic (Semaglutida) e Mounjaro (Tirzepatida)?

Os dois medicamentos mais populares atualmente no mercado pertencem à classe dos agonistas de receptores de incretinas. Mas qual a diferença entre eles?

1. Ozempic®? (Semaglutida) e Wegovy®?

Mecanismo de ação: Agonista do receptor de GLP-1 (glucagon-like peptide-1).

Efeitos principais:

Redução do apetite e aumento da saciedade; Retardo no esvaziamento gástrico; Melhora da sensibilidade à insulina; Redução do peso corporal entre 10% e 15% em ensaios clínicos e Indicações: Diabetes tipo 2 (Ozempic®?) e controle de peso em obesos (Wegovy®?).

2. Mounjaro®? (Tirzepatida) – O “Agonista Duplo”

Mecanismo de ação: Agonista do receptor de GLP-1 e GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide).

Efeitos principais:

Mesmo mecanismo do Ozempic®?, mas com um efeito mais potente na regulação do apetite.

Redução do peso superior a 20% em estudos clínicos, tornando-se a droga mais promissora para obesidade até o momento.

Indicações: Tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade severa

O diferencial da tirzepatida está no fato de agir em dois hormônios incretínicos ao mesmo tempo, potencializando a perda de peso. Estudos demonstram que Mounjaro®? pode ser ainda mais eficiente do que Ozempic®? no emagrecimento, razão pela qual seu uso vem crescendo rapidamente.

Resultados

Mas, além dos resultados clínicos impressionantes, os efeitos desses medicamentos vão muito além do corpo humano: eles estão impactando toda a cadeia de consumo de alimentos processados, forçando empresas do setor a repensar suas estratégias.

O estudo

O Estudo da Bloomberg: Como o Ozempic e o Mounjaro Estão Mudando o Mercado de Alimentos

Um estudo recente conduzido pela Numerator, citado pela Bloomberg e pelo Morgan Stanley, analisou como os usuários de Ozempic, Wegovy e Mounjaro alteram seus padrões de consumo. O estudo utilizou dados de mais de 90.000 domicílios nos EUA e monitorou seus gastos com alimentos ao longo de seis meses de uso contínuo dessas drogas.

Redução

Os resultados mostraram uma redução de 6% a 9% nos gastos com alimentos, especialmente em categorias que dependem do consumo impulsivo e da fome desregulada.

Categorias com Maior Queda no Consumo

Snacks salgados (chips, salgadinhos, biscoitos recheados, etc.) ? -11,1%, Panificação doce (bolos, croissants, pães doces) ? -9,0%, Queijos ? -7,2%, Cookies ? -6,7%,
Refrigerantes ? -6,6%, Carnes processadas e congeladas ? -5,8%, Manteiga ? -5,8%,
Pães e massas refrigeradas ? -5,6%, Sorvetes e chantilly ? -5,5%, Leite e creme de leite ? -4,7%

Dados

Esses dados revelam algo claro: os usuários dessas drogas não apenas comem menos, mas também fazem escolhas alimentares mais saudáveis, reduzindo drasticamente a busca por produtos ultraprocessados.

O estudo também mostrou que quando os pacientes interrompem o uso da medicação, os padrões de consumo voltam ao normal, sugerindo que a mudança não é apenas comportamental, mas fisiológica.

Por Que Isso Acontece? O Impacto Fisiológico no Cérebro e no Sistema Digestivo

Os agonistas de GLP-1 e GIP agem diretamente no cérebro e no trato gastrointestinal, alterando a maneira como o organismo processa a fome e a saciedade. Entre os efeitos mais relevantes, temos:

1. Supressão do sistema de recompensa alimentar – Redução da ativação de circuitos cerebrais responsáveis pelo desejo por alimentos calóricos.

2. Esvaziamento gástrico retardado – A digestão se torna mais lenta, prolongando a saciedade.

3. Menor secreção de glucagon – Diminui a liberação de açúcar pelo fígado, estabilizando os níveis de glicemia e reduzindo picos de fome.

4. Menos compulsão alimentar – Pacientes relatam menor interesse por “junk food”, preferindo alimentos mais leves e proteicos.

Efeitos

Esse efeito sistêmico explica por que pessoas que utilizam essas medicações passam a rejeitar espontaneamente alimentos que antes faziam parte de sua rotina.

A Indústria de Alimentos Está Alarmada

Empresas como Nestlé, PepsiCo, Coca-Cola e General Mills já estão preocupadas com essa mudança de comportamento. Relatórios do setor financeiro indicam que, se o uso dessas drogas continuar crescendo, o mercado de alimentos processados pode sofrer uma retração significativa nos próximos anos.

As grandes preocupações do setor incluem:
•Redução nas vendas de produtos impulsivos e hipercalóricos.
• Mudança do padrão alimentar global, obrigando reformulações em produtos.
•Aumento do interesse por alimentos naturais e ricos em proteínas.

Dúvida

A dúvida que fica: as empresas do setor vão se adaptar ou tentarão frear essa revolução metabólica?

Conclusão

Os medicamentos agonistas de GLP-1 e GIP estão alterando não apenas a saúde de milhões de pessoas, mas também a economia global do setor alimentício. O estudo da Bloomberg demonstra, com dados concretos, que o apetite humano não é mais o mesmo.

Tendência

Se essa tendência continuar, poderemos assistir a uma verdadeira transformação na indústria de alimentos. Afinal, como vender produtos baseados em impulsos de consumo, se os consumidores simplesmente não sentem mais desejo por eles?

Era do apetite

A era do apetite desenfreado pode estar chegando ao fim – e o impacto disso será sentido muito além da balança.

Gustavo Carvalho, MD, MBA, MSc PhD, é Cirurgião Geral, Professor Adjunto de Cirurgia Geral da UPE, Pós Graduado em Cirurgia Digestiva pela Universidade KEIO no Japão e Consultor de Inteligência Artificial da AMIGO TECH.

Instagram: @doutorgustavocarvalho

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Segue o link da publicação no Jornal O Poder
https://www.opoder.com.br/noticias/22407/efeito-ozempic-como-os-novos-remedios-para-emagrecer-estao-revolucionando-o-consumo-e-podem-gerar-impacto-na-industria-de-alimentos

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